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Gol quadrado: o símbolo de uma era

Gol Quadrado lançado 1980, também conhecido como Gol BX, surgiu com a missão desafiadora de suceder o consagrado Fusca. Missão que, com maestria, o levou a se tornar um dos carros mais vendidos da história do Brasil. Inspirado em projetos da matriz alemã, o carro foi desenvolvido com base em modelos já existentes no país, como o Passat, Golf e Scirocco. Do Audi 50, herdou elementos de estilo e carroceria que o aproximaram do Volkswagen Polo, servindo como ponto de partida para a criação do icônico Gol.

A ideia do surgiu em meados de 1975, com o objetivo de criar um novo modelo compacto. Poucos sabem, mas o Gol, o Golf e o Scirocco compartilham um ancestral em comum: o EA276 de 1972. Esse protótipo, com proporções ainda em desenvolvimento, serviu como base para o estilo hatchback que marcaria os três modelos.

EA276 também foi o primeiro protótipo da Volkswagen com motor dianteiro flat 4 refrigerado a ar, derivado do motor do Fusca. Em termos estéticos, o Gol apresentava grande similaridade com o EA276, superando inclusive o Golf, cujo design ficou a cargo do renomado Giorgetto Giugiaro. A base vinha do Polo, que na época utilizava motores arrefecidos a água. Já o estilo, embora com muitos elementos do EA276, foi inspirado no Scirocco, conferindo sua personalidade única.

Um fato curioso é que em 1981 a Volkswagen lançou a primeira reestilização do sedan do Polo, o Derby, que ficou com a cara do nosso primeiro Gol. Imaginar o Voyage da época com base no Gol Quadrado nos dá uma ideia de como seria essa versão.

Antes de seu lançamento, já se sabia que teria motores arrefecidos a água, tração dianteira e base inspirada no Polo, com design semelhante ao do Scirocco. O nome, em homenagem à paixão nacional pelo futebol, era uma escolha óbvia para um modelo que buscava modernidade e conquistar o coração dos brasileiros.

Lançado com motor 1300 de apenas 47 cavalos, o primeiro automóvel não alcançou o sucesso de vendas esperado pela marca, recebendo carinhosos apelidos como “chaleira” ou “batedeira” devido ao seu barulho peculiar. No ano seguinte, um novo motor de 1600 cavalos, refrigerado a ar, oriundo da Brasília, lhe deu um novo gás. Em 1981, a família Gol se expandiu com o lançamento do Voyage e, em junho de 1982, da saudosa Parati, ambos com motores 1.5 litro e 65 cavalos.

A picape Saveiro chegou em setembro de 1982, apenas com motor refrigerado a ar. Em 1982, a primeira série especial foi lançada: o Gol Copa, com rodas de liga leve, para-choques na cor do veículo, forração especial, faróis de neblina e outros detalhes estéticos alusivos à Copa do Mundo.

Em 1984, o Gol Quadrado ganhou a versão BX, ainda com motor 1600 a ar. No ano seguinte, as versões L e LS receberam câmbios de 4 e 5 marchas, estendidos também ao Voyage, Parati e Passat. O modelo também adotou os mesmos para-choques e faróis do Voyage, abandonando os repetidores de seta laterais. O Gol também adotou o painel de instrumentos do Santana CL e a versão Star foi lançada, com bancos em tons de cinza e vermelho, faróis e lanternas do GTS e motor 1.8 a gasolina ou álcool.

A década de 90 trouxe novos desafios, com a chegada de concorrentes modernos como o Fiat Uno e o Chevrolet Chevette. Para se manter competitivo, recebeu atualizações em seu interior e motorizações, como o Gol 1000 com motor 1.0 litro.

Com a chegada do Gol “Bola” (segunda geração) em 1994, o Gol Quadrado viu suas vendas diminuírem consideravelmente. Em 1996, a produção do modelo foi encerrada, deixando um legado de sucesso e marcando para sempre a história da indústria automobilística brasileira. O veículo transcendeu a simples função de meio de transporte. Ele se tornou um símbolo de uma época, representando a liberdade, a praticidade e o espírito aventureiro da geração dos anos 80 e 90. Sua robustez, confiabilidade e dirigibilidade fácil o tornaram um carro amado por muitos brasileiros.

Até hoje, ele é visto nas ruas, principalmente em cidades do interior, e desperta saudades e boas lembranças em quem o teve ou simplesmente o admirava.